As castas Ramisco (tintas) e Malvasia (brancas) são fruto da conjugação de vinhas em chão de areia, da proximidade do mar e a acção do sol.
São estas castas que marcam a especificidade dos vinhos DOC Colares, com representação mínima de 80% do total.
DOC Colares corresponde a uma área geográfica particular situada junto ao mar, entre a Serra de Sintra e o Oceano Atlântico, abrangendo as freguesias de Colares, São Martinho e São João das Lampas.
Os vinhos reconhecidos como DOC Colares são feitos com uvas de vinhas plantadas em chão de areia, podendo incorporar no máximo apenas 20% de uvas de vinhas de chão rijo.
As vinhas exigem cuidados especiais e contemplam várias operações ao longo do calendário vitivinícola: plantação, enxertia, poda, cava, raspa, empa, tratamento, cura e, finalmente, vindima.
Em Colares, desde há muito que as vinhas marcam a paisagem marítima desde a Primavera ao Outono. A sua plantação é feita em chão de areia à beira-mar.
A singularidade das vinhas nesta zona advém das condições em que se desenvolvem, exigindo um saber especializado e cuidados especiais.
No final da década de 1850 uma grande praga de filoxera afectou a Europa, causando dados substanciais nas vinhas de vários países. Em Portugal, a praga alastrou-se em 1865. As vinhas de Colares das castas Ramisco e Malvasia, plantadas em chão de areia, foram as únicas que resistiram à filoxera dada a profundidade das suas raízes.
Entre as castas europeias, apenas outra é resistente a esta praga, a Assyrtico, cultivada na Grécia na ilha vulcânica de Santorini.
Para fazer face aos danos da filoxera, vitivinicultores franceses propuseram o método de enxertia das vinhas com porta-enxertos provenientes de cepas americanas, encontrando, desta forma, uma solução para o problema.
As raízes das vinhas são colocadas de 1 a 10 metros de profundidade, sendo necessário escavar o chão de areia até ser encontrada terra para plantar os bacelos (vara de videira).
Para plantar os bacelos, as mantas eram marcadas no terreno, sendo depois divididas em bancadas/caldeiras, que os trabalhadores abriam, retirando a areia à enxada. Em cada bancada plantavam-se cerca de 30 bacelos.
Este trabalho era de grande risco com a possibilidade de desmoronamento de areias. Há relatos de situações muito graves em que alguns homens ficaram soterrados no fundo das bancadas. Como prevenção do perigo, por vezes, recorriam aos seus grandes cestos para se proteger.
Hoje esta tarefa é realizada com o apoio de máquinas que facilitam o trabalho de mobilização dos solos.
Entre as fileiras de vinhas, é costume de longa data plantarem-se macieiras.
Os vinhedos crescem rasteiros. Em chão de areia, levantar a vinha é uma operação importante, realizada em Junho, de modo a colocar as uvas a cerca de um palmo ou palmo e meio do solo.
As varas são suspensas sobre “pontões” (estacas/cavaletes), de forma a proteger os cachos dos ventos, facilitar a circulação de ar, ajudar à sua maturação e evitar que areia, sob o efeito do sol, queime as uvas.
Na preparação dos vinhedos em chão de areia, a construção e a manutenção de abrigos para protecção das brisas e dos ventos marítimos é uma operação fundamental que exige perícia e um saber-fazer muito particular.
Na região são utilizados diferentes tipos de abrigos: – em cana e em pedra, os mais antigos, e, mais recentemente, com rede de malha apertada.
No passado, e nalguns casos que perduram até ao presente, os abrigos eram feitos com caniço (paliçadas de canas). Para desempenharem eficazmente a sua função, os caniços eram construídos com cerca de um 1,20 m de altura.
Com um palmo de profundidade, era aberto um rego, onde se colocavam as canas na vertical, atadas umas às outras com vime. Cortado em três partes, o vime tornava-se maleável para enlaçar as canas, de modo a manter a estrutura dos abrigos direita e na vertical. Para segurar as canas e lhes dar mais resistência, criava-se uma cinta com outras canas na horizontal, também ligadas com vime.
O vento causa fortes danos nestes abrigos em caniço, o que exige constante atenção e reparação e, ao fim de alguns anos, a sua substituição. Os elevados custos que o recurso a estes abrigos implica faz com que muitos produtores recorram a outras opções.
Abrigos em pedra
Os abrigos também eram feitos em pedra.
Aproveitando a limpeza dos terrenos de areia, as pedras ali existentes eram empilhadas formando muros à altura de cerca de um metro ou um pouco mais.
Abrigos com rede de malha apertada
Técnicas mais modernas têm sido experimentadas na construção dos abrigos das vinhas em chão de areia. O uso de redes de malha apertada tem sido uma opção que se adequa às exigências actuais de protecção das plantações, facilitando o trabalho e a movimentação de máquinas.
A Vinha das Pedras é um exemplo que perdura até ao nosso tempo.
A sua preservação tem sido uma preocupação constante e exigente de modo a assegurar a protecção de vinhas com muitos anos.
Os vinhedos crescem rasteiros. Em chão de areia, levantar a vinha é uma operação importante, realizada em Junho, de modo a colocar as uvas a cerca de um palmo ou palmo e meio do solo.
As varas são suspensas sobre “pontões” (estacas/cavaletes), de forma a proteger os cachos dos ventos, facilitar a circulação de ar, ajudar à sua maturação e evitar que areia, sob o efeito do sol, queime as uvas.
Depois de colhidas durante a vindima, as uvas eram transportadas para as adegas em gigas (cestas) carregadas em burros ou às costas de homens.
Hoje a vindima continua a ser feita por um grupo de trabalhadores, mas com outras condições, equipamentos e meios de transporte que facilitam o trabalho, mesmo assim exigente.
A mecanização dos processos de mobilização dos solos, dos tratamentos fitossanitários e de recolha das uvas no período das vindimas contribuiu para facilitar essas operações, anteriormente muito duras e exigentes.
A distância entre as linhas das videiras e o tipo de abrigos utilizados são algumas das mudanças que se têm operado nas últimas décadas do século XX, alterando a configuração da paisagem.
Os elevados custos de plantação e manutenção das vinhas, a par da pressão imobiliária no litoral, constituem uma ameaça de extinção destes vinhedos, cujas características são muito particulares nesta região à beira-mar.
O saber-fazer, a experiência, a resiliência e persistência dos produtores dos vinhos DOC Colares são essenciais para assegurar a sua continuidade.
As castas Ramisco (tintas) e Malvasia (brancas) são fruto da conjugação de vinhas em chão de areia, da proximidade do mar e a acção do sol.
São estas castas que marcam a especificidade dos vinhos DOC Colares, com representação mínima de 80% do total.
DOC Colares corresponde a uma área geográfica particular situada junto ao mar, entre a Serra de Sintra e o Oceano Atlântico, abrangendo as freguesias de Colares, São Martinho e São João das Lampas.
Os vinhos reconhecidos como DOC Colares são feitos com uvas de vinhas plantadas em chão de areia, podendo incorporar no máximo apenas 20% de uvas de vinhas de chão rijo.
As vinhas exigem cuidados especiais e contemplam várias operações ao longo do calendário vitivinícola: plantação, enxertia, poda, cava, raspa, empa, tratamento, cura e, finalmente, vindima.
Em Colares, desde há muito que as vinhas marcam a paisagem marítima desde a Primavera ao Outono. A sua plantação é feita em chão de areia à beira-mar.
A singularidade das vinhas nesta zona advém das condições em que se desenvolvem, exigindo um saber especializado e cuidados especiais.
No final da década de 1850 uma grande praga de filoxera afectou a Europa, causando dados substanciais nas vinhas de vários países. Em Portugal, a praga alastrou-se em 1865. As vinhas de Colares das castas Ramisco e Malvasia, plantadas em chão de areia, foram as únicas que resistiram à filoxera dada a profundidade das suas raízes.
Entre as castas europeias, apenas outra é resistente a esta praga, a Assyrtico, cultivada na Grécia na ilha vulcânica de Santorini.
Para fazer face aos danos da filoxera, vitivinicultores franceses propuseram o método de enxertia das vinhas com porta-enxertos provenientes de cepas americanas, encontrando, desta forma, uma solução para o problema.
As raízes das vinhas são colocadas a 4/6 metros de profundidade, sendo necessário escavar o chão de areia até ser encontrada terra para plantar os bacelos (vara de videira).
Para plantar os bacelos, as mantas eram marcadas no terreno, sendo depois divididas em bancadas/caldeiras, que os trabalhadores abriam, retirando a areia à enxada. Em cada bancada plantavam-se cerca de 30 bacelos.
Este trabalho era de grande risco com a possibilidade de desmoronamento de areias. Há relatos de situações muito graves em que alguns homens ficaram soterrados no fundo das bancadas. Como prevenção do perigo, por vezes, recorriam aos seus grandes cestos para se proteger.
Hoje esta tarefa é realizada com o apoio de máquinas que facilitam o trabalho de mobilização dos solos.
Entre as fileiras de vinhas, é costume de longa data plantarem-se macieiras.
Na preparação dos vinhedos em chão de areia, a construção e a manutenção de abrigos para protecção das brisas e dos ventos marítimos é uma operação fundamental que exige perícia e um saber-fazer muito particular.
Na região são utilizados diferentes tipos de abrigos: – em cana e em pedra, os mais antigos, e, mais recentemente, com rede de malha apertada.
No passado, e nalguns casos que perduram até ao presente, os abrigos eram feitos com caniço (paliçadas de canas). Para desempenharem eficazmente a sua função, os caniços eram construídos com cerca de um 1,20 m de altura.
Com um palmo de profundidade, era aberto um rego, onde se colocavam as canas na vertical, atadas umas às outras com vime. Cortado em três partes, o vime tornava-se maleável para enlaçar as canas, de modo a manter a estrutura dos abrigos direita e na vertical. Para segurar as canas e lhes dar mais resistência, criava-se uma cinta com outras canas na horizontal, também ligadas com vime.
O vento causa fortes danos nestes abrigos em caniço, o que exige constante atenção e reparação e, ao fim de alguns anos, a sua substituição. Os elevados custos que o recurso a estes abrigos implica faz com que muitos produtores recorram a outras opções.
Abrigos em pedra
Os abrigos também eram feitos em pedra.
Aproveitando a limpeza dos terrenos de areia, as pedras ali existentes eram empilhadas formando muros à altura de cerca de um metro ou um pouco mais.
Abrigos com rede de malha apertada
Técnicas mais modernas têm sido experimentadas na construção dos abrigos das vinhas em chão de areia. O uso de redes de malha apertada tem sido uma opção que se adequa às exigências actuais de protecção das plantações, facilitando o trabalho e a movimentação de máquinas.
A Vinha das Pedras é um exemplo que perdura até ao nosso tempo.
A sua preservação tem sido uma preocupação constante e exigente de modo a assegurar a protecção de vinhas com muitos anos.
Os vinhedos crescem rasteiros. Em chão de areia, levantar a vinha é uma operação importante, realizada em Junho, de modo a colocar as uvas a cerca de um palmo ou palmo e meio do solo.
As varas são suspensas sobre “pontões” (estacas/cavaletes), de forma a proteger os cachos dos ventos, facilitar a circulação de ar, ajudar à sua maturação e evitar que areia, sob o efeito do sol, queime as uvas.
Depois de colhidas durante a vindima, as uvas eram transportadas para as adegas em gigas (cestas) carregadas em burros ou às costas de homens.
Hoje a vindima continua a ser feita por um grupo de trabalhadores, mas com outras condições, equipamentos e meios de transporte que facilitam o trabalho, mesmo assim exigente.
A mecanização dos processos de mobilização dos solos, dos tratamentos fitossanitários e de recolha das uvas no período das vindimas contribuiu para facilitar essas operações, anteriormente muito duras e exigentes.
A distância entre as linhas das videiras e o tipo de abrigos utilizados são algumas das mudanças que se têm operado nas últimas décadas do século XX, alterando a configuração da paisagem.
Os elevados custos de plantação e manutenção das vinhas, a par da pressão imobiliária no litoral, constituem uma ameaça de extinção destes vinhedos, cujas características são muito particulares nesta região à beira-mar.
O saber-fazer, a experiência, a resiliência e persistência dos produtores dos vinhos DOC Colares são essenciais para assegurar a sua continuidade.
Estes tonéis em madeira de castanho e mogno tinham pertencido à Casa de Ludgero Gomes, em Almoçageme, e que depois tinham sido entregues ao Tirol. Vieram para a Adega Beira Mar em troca de vinho.
Estes tonéis pertenciam à adega de António Bernardino da Silva Chitas, avô de Paulo da Silva. Foram recebidos pelo seu pai por partilhas entre os herdeiros e a Sociedade.